Eu só queria que você soubesse…


Tem amor que simplesmente não é para ser vivido. Só lembrado. Imaginado. No “se”. Dizem que tudo tem seu tempo. Ando deixando pistas. Rastros bem marcados. Como na história. Migalhas. Falta dele. Justificativa para tanta vida morna. Não acredito no depois. Destino ou acaso. No tempo.

 

Ando com pressa. Aqui dentro já não suporta frouxidão. Não espero a sorte.  Desconfio do destino. Está lá. Na beira da estrada. É só uma menina. Leve como passarinho. Espera a liberdade. Sentir de verdade. Andar de pés no chão. Ter todas as cores. Com você deseja amanhecer. Acredita no humor. No amor. Aquele na penteadeira. Ficou lá só de bobeira. Deixou o tempo passar.


Acho que seria caso de muitas risadas. Conversa solta. Sem máscaras. Quase mundo novo. Pontes. Tardes de domingo. Conexão. Rodoviária. Boa tarde para o senhor taxista. Fazer amor baixinho. Ligar a TV. Tem gente na sala. Não nego, as paixões são assim. Meio brega. Brincadeiras. Algumas esquisitices. Outras chatices.


O tempo passa. Parados. Feito o mendigo na esquina. Virou coisa. Faz parte da paisagem. Fome é o nome dele. Aquele moço. Já foi outro. Quero sem medo. Por inteiro. Te olhar. Esperar. E que a gente se beije e acabe na cama. Sem drama.  Já se foi o tempo de sonhar. Não há mais nada a fazer. Sem expectativas ou ilusões. Intensas. Insanas. Paixões.


Eu só queria que você soubesse. Foi o improvável. Só pode ser louco. Anda em bando. Ainda mora com a mamãe. Surpreendente. Inteligente. Te pedi em dia de calmaria. A Oxum. Aos céus. A coisa nenhuma. Foi só o coração.  Remendado. Mais uma vez. Me encaixaria na tua cama. Na verdade foi nada. Coisa alguma. Só foi estranho. Simplesmente ficou. Deve que passa.


Não vou usar de artifícios. Nem truques ou armação. Só mantenho aqui aceso. Não  quero laços. Nem amarras. Assim, quem foge, sou eu. Não assuste se um dia eu desaparecer. As vezes preciso ser sozinha. De espaço. Coração. Mais complicado do que pensa. Se amor de perto já está irreal. Penso no virtual.


Faz tempo que não via páginas em branco. Escolhi assim. Gosto desse jeito. Das possibilidades. De te esperar por inteiro. Espero por janeiro. Embriagado. Calado. Sem nome. Sem pressa. Não me peça. Nunca faça promessas. Não faz mal.  Fique para o carnaval.

 

Não vou decorar o seu mundo. Pedir em casamento. Para o ano inteiro. Simplesmente apostaria nele. Falta ousadia e mais coragem. Nem sempre o deixar acontecer nos alcança. Às vezes tudo fica. Por aí. Suspenso. Não vivido. Por medo ou fragilidade. No tanto faz.


Depois de um tempo. Não saberei do seu paradeiro. Se ganhou dinheiro. Aquele moço. Fulano de tal. Não vou te colocar no jornal. Seu sobrenome já  terei esquecido. Se é de Araxá. Belo Horizonte ou Pernambuco. Só sei que será amor caduco.


Não sei se foi descaso. Se foi bom o que aconteceu. Viver de consolo deve que aprendeu. Ainda penso em tomar uma dose. De coragem. Abrir a porta. Arriscar. Improvisar. Ver o que tem dentro. Mantenho segurança. Espio pela fresta.


Aprendemos que certas coisas não dá para guardar. Nem para emergência ou remendo. Vez por hora tiramos a poeira. Lustramos. Desentulhamos. Jogamos fora o que realmente não servirá mais. Sentirei saudade do que não aconteceu. Você estará lá. Nos sonhos quase realizáveis. Guardado na despensa. Entre as coisas que quase tive. Caberia nós dois. Na caixa das coisas não vividas.


*Aline Borges

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