O Amor Acaba?

De repente, o que era luz se fez sombra. A época do namoro, as delicadezas e olhares apaixonados, tudo o que torna o inicio de um relacionamento tão gostoso, dão lugar à amargura, à aridez dos dias cansativos da convivência, ficamos pensando: o amor acabou?

É uma sentença que cai pesada sobre nossos ombros. O fim do amor talvez seja a mais triste notícia para um ser humano. Afinal, o amor move o mundo e enche a vida de alegria, é ele que torna tudo melhor em nossos dias.

Mas será que o amor acaba? Afinal, é um sentimento tão forte.

Nenhum ser humano vive sem amor. Amor de pais, de filhos, de amigos; amor entre homem e mulher. Que importa de que tipo é o amor?

Basta que ele exista para que ele imediatamente transforme os ambientes, ilumine os olhos, torne o ar mais leve, o dia mais belo.

E se é tão essencial o amor, por que o deixamos acabar? Por que permitimos que ele se termine e seja sufocado?

É que nem sempre sabemos priorizar o que realmente é importante. Nem sempre sabemos cuidar das pessoas que mais amamos. Por vezes tratamos mal justamente aqueles a quem mais queremos bem. São nossos pais, irmãos, esposos e filhos... Eles deveriam ser nossa prioridade, mas parecem estar sempre em último lugar. Para eles deveríamos guardar os gestos de delicadeza, os afagos, as palavras gentis. Pior ainda é quando permitimos que os abismos do silêncios aconteçam em nossa casa, pais e filhos não se falem, esposos não conversam, no momento das refeições ficam cada um em um lugar, com seus afazeres individuais, e não desfrutando de uma refeição ao lado das pessoas que amamos.

É como um câncer, que começa devagarzinho, vai se instalando e se torna incontrolável. E tudo começa porque deixamos de conversar, de trocar experiências, de compartilhar o espaço que chamamos de lar. Dessa forma, nos afastamos lentamente dos seres amados.

E ainda há a negligência. Deixamos de falar, de sorrir, de dar atenção aos de casa. Concentrados em pessoas com as quais temos contato meramente social, aos poucos substituímos o grupo familiar pelos amigos, colegas de trabalho e até por gente que acabamos de conhecer. Assim vamos deixando a vida seguir. De repente, quando percebemos, o tempo passou, os filhos estão adultos, os irmãos casaram, os pais morreram ou por um motivo qualquer não estão ao nosso lado, o casamento acabou. O trem da vida seguiu e nós nem o vimos passar.

É quando chega o arrependimento, a saudade, a vontade de ficar junto mais um segundo, afinal a vida é cruel e a morte vem para todos, quando menos esperamos, num acidente, numa doença, ou por qualquer motivo torpe e idiota.

É então nesse momento que percebemos que desperdiçamos o tempo que estivemos ao lado daquela pessoa especial, daquele filho divertido, daquela mãe dedicada, daquele pai amoroso, daquele companheiro que estava bem ao lado, caminhando junto.
Não. O amor não morre. Nós o deixamos murchar, apagar-se. É nosso desleixo, desatenção e preguiça que sufocam o amor. Mas basta regar com cuidado, sorrisos e carinho, para que ele reviva. Como planta ressequida, o amor bebe as palavras que lhe dirigimos e se reergue.

O amor não morre nunca. Mesmo que acreditemos que ele está morto e enterrado, que desapareceu, ele apenas aguarda que um gesto de amor o faça reviver.

Experimente! Olhe para as pessoas de sua família, para o seu amor, e lembre-se das belas coisas que viveram. Não deixe que as más lembranças o contaminem. Focalize toda a sua atenção nos momentos mais felizes. Abrace, afague, sorria junto, diga eu ti amo pelo menos duas vezes por dia.

E se, de repente, seu coração acelerar, seus olhos ficarem úmidos e uma indescritível sensação de felicidade tomar conta de você, não tenha dúvida: são os efeitos contagiantes e deliciosos do amor.
*Mônica Macalin

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