Entre a cruz e a espada …ou entre a cruz e a estrela?
Imagine que você se encontra diante de uma decisão
importante que pode mudar toda a sua vida. Alguém se aproxima e lhe diz: “Não há
como fugir. Você precisa escolher. Terá que fazer sua opção”. Você se sente,
então, entre a cruz e a espada. E as circunstâncias se agravam ainda mais se a
sua decisão envolver outras pessoas.
Em momentos
assim escolher pode tornar-se muito difícil, uma verdadeira arte.
Seria muito bom se essas escolhas não comportassem uma certa carga
de angústia. Mas escolher dói, causa inquietação, medo, insônia, porque escolher
significa também abrir mão de algo.
Toda escolha
implica também uma renúncia. Ao escolher uma estrada, você desiste de caminhar
por todas as outras. Ao escolher uma esposa ou um marido você dispensa todos os
outros possíveis candidatos. É a encruzilhada da vida. Mas é isso que torna
linda a história, e que a faz única, irrepetível e merecedora do nosso
amor.
Porque a gente ama não é uma
vida sem erros, mas uma vida de possibilidades e de escolhas. A gente ama ser
livres. E, por piores que as opções pareçam, mesmo que a gente se veja sem
saída, ainda nos resta escolher o que vamos fazer na situação difícil. Se vamos
lutar ou nos entregar.
É justamente aqui que jorra uma força, uma energia, um
poder – um milagre acontece cada vez que alguém se supera e tira o bem de onde
os outros só viam maldades ou não viam nada. O céu faz uma festa quando a gente
se recusa a ser escravo da tristeza e da depressão. Deus salta de alegria quando
a gente escolhe se levantar mesmo contra as expectativas de todos à nossa
volta.
Se alguém diz a uma pessoa de fé que
não existem mais saídas, ela dobra os seus joelhos até que uma porta nova se
abra. Não faz por pirraça, faz por amor; porque a fé faz brotar o amor. E o amor
nos faz enfrentar os problemas – ele mesmo nos dá a vitória sobre os males.
Viver assim é perigoso, é subversivo. Viver assim é comprometer-se, é abraçar a
cruz de uma vida levada a sério, vivida sem medo até às últimas
consequências.
E a morte não tem poder sobre uma vida
assim. A dor e o sofrimento jamais terão vitória sobre o amor, porque quando o
amor se torna a medida de cada decisão, toda morte termina em
ressurreição.
Ao terceiro dia, o corpo
de Jesus, qual uma estrela, pulsou no sepulcro; e a morte explodiu na primavera
de uma nova vida – se a cruz é sinal de morte e sacrifício, a estrela é sinal de
vida e ressurreição. Tudo o que fazemos está compreendido entre “uma estrela e
uma cruz” ou se preferir entre “uma cruz e uma estrela”, que é o tempo que
passamos sobre essa terra. Que marca a duração da nossa
vida.
Por isso se a gente se sentir apertado, constrangido, encurralado pelas
escolhas da vida, precisamos lembrar que mais do que entre a “cruz e a espada”,
tudo se dá entre a “cruz e a estrela”. Cruz de uma vida sofrida. Estrela da
ressurreição prometida. Porque o amor é imortal. Quando a gente tem certeza
disso…e pode ter certeza porque é verdade – aí sim…os sacrifícios valem a pena e
os sofrimentos já não são insuportáveis.
*por Marcio
Mendes