Sobre assuntos mal resolvidos…


Todo mundo tem assuntos mal resolvidos. Aqueles assuntos que a gente prefere deixar para lá do que ficar frente a frente. Talvez pelo medo de encarar a situação, óbvio. Por outro lado, existe o medo da resolução. Como é que vai ser depois? Nada do que foi será do jeito que já foi um dia – e aquele Salve para Lulu.


Nos apegamos a assuntos, coisas e pessoas com medo de uma resolução, ponto final ou vírgula, não importa na verdade. A grande questão é essa coisa que sentimos aqui dentro: como é que vai ser? É preciso ser muito corajoso para resolver aquilo que serve como pedra no sapato. Não sabemos o quanto aquela pedra é importante, apesar do aparente incômodo.

 

Pensando com a razão, concordo com você, somos loucos de deixar essas coisas tomarem conta da nossa vida. Mas elas tomam, e numa proporção que provavelmente nem eu e nem você temos controle. Colocamos o assunto dentro de um saco e vamos em frente, até que rola a vontade de abandonar o saco em qualquer lugar e continuar. O assunto passa de mal resolvido a abandonado, até que chega uma hora que somos cobrados por aquele abandono.


A vida não manda aviso de cobrança, simplesmente joga na sua cara aquela conta e diz que existem juros e correções. E a partir daí a gente entende que todo mundo pratica o assunto mal resolvido, do cara que desapareceu ao seu pai, da amiga que te decepcionou à sua mãe. Sim, gente próxima e que convive aí do seu lado.


Temos medo. Medo de assumir uma posição política, uma opinião, fazer uma escolha, terminar um relacionamento que já está ruim, mudar de país, correr atrás de um sonho, entre tantas outras coisas. Não é errado, só é preciso ter um pouco mais de coragem do que o comum. E mesmo com o peito estufado de coragem, preferimos o conforto da parte de cima do muro, engolir o sapo que desce seco e nem vem com copo gelado de cerveja.


Não acho que devemos sair por aí dizendo que somos resolvidos, quando na verdade somos infinitos como números e não exatos como uma fórmula matemática. É bonito assumir imperfeição e tentar melhorar todo santo dia. Acho também que se a vida cobra resolução de assuntos mal resolvidos, que a gente tenha sabedoria suficiente para encarar e resolver tal situação da melhor maneira possível. Não pela situação em si, mas pelo coração tranquilo depois. Menos uma dívida, menos um saco abandonado sem sentido, menos uma coisa para pensar quando encostar a cabeça no travesseiro.

 

Para ser realmente leve, é preciso entender a perda de peso. Afinal, nunca vamos saber se aquele “peso” perdido tinha importância ou se dávamos importância demais a ele. Dois pesos, duas medidas e um coração para dizer o que realmente é importante diante dos olhos.


*Juliana Manzato

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