Amor e Vida
Foi em mil novecentos e
setenta e dois que um desastre aéreo ganhou repercussão internacional, tendo em
vista o tamanho da tragédia.
Uma equipe de jogadores
de rugbi do Uruguai atravessava os Andes, com destino a Santiago do
Chile, quando seu avião colidiu com uma montanha e caiu, dividindo-se em
dois.
Fernando Parrado era um
desses atletas atingidos pelo acidente. Pouco antes de decolar, sabendo haver
lugares vagos no voo, Fernando convidou sua mãe e sua irmã para o acompanharem
na viagem.
Quando aconteceu a
queda, sua mãe morreu imediatamente pelo impacto. Sua irmã que, aparentemente,
não apresentava graves ferimentos, começou a ter, em poucas horas, problemas de
gangrena nas pernas.
Fernando passou três
dias cuidando da irmã que, em delírio, chamava pela mãe, pronunciava frases sem
sentido e cantava canções infantis. Após vários dias em agonia, morreu nos
braços do irmão.
Dez dias depois, os
acidentados ouviram, pelo rádio, a notícia de que as buscas tinham sido
suspensas.
Passados dois meses,
Fernando e dois amigos decidiram sair em busca de ajuda. Por dez dias, dormindo
não mais que duas horas por noite para não congelar, procuraram
socorro.
Ao ser perguntado o que
o motivara tão intensamente, a ponto de enfrentar todos os percalços, Fernando
afirmou que queria voltar por amor ao seu pai, que ele imaginava estar
desesperado pela morte de toda a família.
Foi o amor que o fez
enfrentar brutais dificuldades, desafios físicos e emocionais
intensos.
Ao relatar sua
experiência, nas palestras e conferências que passou a proferir, Fernando afirma
que poucos de nós valorizamos o tempo como deveríamos.
Não nos damos conta de
que é um tesouro inestimável e, quase sempre, usamos o tempo de que dispomos em
coisas de pouca ou nenhuma importância.
E, para o que
efetivamente é valioso e precioso, não dispomos de tempo.
Já nos
apercebemos, pergunta
Fernando, que após nossa morte, nada no mundo se
modifica? Os bancos continuarão funcionando, as lojas estarão abertas, a vida
seguirá seu curso.
Por isso, a maior
riqueza que temos é o tempo que conseguimos dar a nós
mesmos.
Tempo para viver com
alegria, compartilhar com nossos amores, cultivar amizades e investir em
momentos significativos.
Dessa
forma, conclui
Fernando Parrado, os dois maiores tesouros que dispomos são: nossos amores,
o grande motor da vida de cada um de nós, e o tempo, recurso
inestimável.
O tempo é um benfeitor
anônimo.
Companheiro infatigável
na Terra, ele gasta o granito, reverdece o deserto e doa aridez ao solo
fértil.
Aprendamos a não
desperdiçá-lo na vinha da existência planetária.
Não permitamos que o
rio das horas corra, levando preciosas oportunidades.
Aproveitemos o
hoje que logo passa, antes que ele se torne
ontem...