O Que Fica Inacabado, Não Morre — Apenas Espera
Na vida, há coisas que não desaparecem.
Elas não se dissolvem no tempo, não evaporam com o esquecimento, não se enterram com o silêncio.
Elas apenas… esperam.
Esperam o momento certo.
Esperam coragem.
Esperam que você volte e termine o que começou.
Porque tudo aquilo que você evita, tudo o que você empurra pra debaixo do tapete da alma, tudo o que você finge que não sente —
continua existindo.
Não importa o quanto você tente ignorar.
Não importa quantos anos passem.
Não importa quantas distrações você invente.
A dor não resolvida se transforma em peso.
A conversa não tida vira ruído interno.
O perdão não dado vira prisão.
O amor não vivido vira ausência.
E o sonho não realizado vira fantasma.
Você pode mudar de cidade, de trabalho, de círculo social.
Pode reinventar sua rotina, sua aparência, sua narrativa.
Mas o que ficou pendente…
fica.
Fica nos silêncios entre uma risada e outra.
Fica nos olhos que você evita encontrar.
Fica nas noites em que o sono não vem.
Fica nas músicas que te fazem chorar sem saber por quê.
Porque a vida não é feita só do que você viveu.
Ela também é feita do que você deixou de viver.
E o que não foi vivido, o que não foi resolvido, o que não foi concluído —
cobra.
Não com violência.
Mas com persistência.
É como uma porta entreaberta no fundo da mente.
Você pode fingir que ela não está lá.
Mas ela está.
E ela pulsa.
E ela chama.
E um dia, você vai ter que entrar.
Vai ter que encarar o que deixou pra depois.
Vai ter que dar nome ao que te assombra.
Vai ter que concluir o que começou — mesmo que tenha começado sem perceber.
Porque o que fica inacabado não morre.
Ele se transforma em ciclo.
E ciclos não se quebram com fuga.
Se quebram com enfrentamento.
Então, se há algo em você que ainda dói, que ainda pesa, que ainda pulsa…
Não ignore.
Não adie.
Não fuja.
Volte.
Conclua.
Liberte.
Porque só quem encerra o que ficou pendente é capaz de seguir leve.
E a leveza, meu amigo, é o verdadeiro luxo da alma.
*César

