Algumas Pessoas Viverão Pra Sempre, Dentro Da Gente


E a gente precisa dar um jeito de acomodar essa presença, que agora é feita de

lembranças, porque algumas pessoas se apressaram e foram embora antes de

nós.


As memórias dos afagos, dos sorrisos, dos abraços apertados… de vez em quando

nos assaltam, roubam nosso sorriso e deixam lágrimas no lugar.


É doloroso sim, quem poderá negar?


Em alguns dias a gente pensa em quem partiu, revira nosso baú de histórias e

agradece aos céus por ter tido o direito de vivê-las. Em outros, mais cinzas, o

remendo se solta e o coração da gente se despedaça de novo. A dor é intrusa e

teimosa. É difícil conseguir conviver com ela.


Mas depois de um tempo, refazemos o curativo e seguimos com nossa vida,

achando estranho o fato de ter que carregar esse fardo tão dolorido.

E a gente se percebe pensando na ilusória possibilidade de ter a chance de escutar

uma última risada, uma última vez. Nada. E de nada em nada, vamos entendendo

que algumas pessoas se tornaram brisa, e agora vivem no fundo de nossas

memórias.


E apesar do silêncio e do vazio assombroso, o amor vai fazer com que elas não se

despeçam totalmente. Uma parte delas, a melhor parte, permanecerá para sempre,

dentro da gente. (Ainda bem, porque não poderíamos sobreviver se não fosse assim).

E conforme o tempo passa, a gente vai percebendo que a saudade é uma forma

diferente de se amar quem partiu.


Por isso mesmo é que se deve saber sentir saudade. Conhecer bem o lugar que

ela deve ocupar dentro de nós e por limites nesse lugar. Saudade não é pra ser

criada solta, fazendo de nós o que bem quer. Ela precisa saber que não pode

sapatear sobre nossas outras emoções.


Embora a ausência de quem nos deixou pareça nos comprimir, nem tudo é feito de

dor. Tem beleza, sorrisos e prazer, que ficaram no ar, suspensos de alguma forma,

e nunca irão nos deixar. Tem memória boa, gosto bom de foi bom enquanto durou.

E isso não passa, não se substitui nem fica para trás.


O som da voz que nos chamava, o abraço que nos aconchegava, apenas mudou de consistência. Agora é nuvem. Uma bruma leve que vez ou outra nos envolverá para dizer que houve mudança, mas que de alguma forma vai ficar. Para sempre!


Contudo, é preciso obrigar a ir o que nos faz escravos: a dor que nos submete e

nos tira do chão. Disto, despeçamo-nos! E assumamos que se foi de nós um

pedaço, mas que uma lembrança boa ficou no lugar.


Algumas pessoas viverão para sempre, dentro da gente, e não precisamos

esquecer que as amamos. Precisamos apenas assumir que elas não estão mais no

mesmo lugar que estavam antes.


*Alessandra Piassarollo 

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