O bem sempre compensa!


Sempre questionei e me indignei com alguns fatos da vida. Parece que as pessoas mais amorosas são as que demoram mais tempo para encontrar o amor. As mais honestas, as mais usadas por espertalhões. As mais doces, as menos levadas a sério. As intelectuais, em nossa sociedade, muitas vezes, são vistas como lunáticas e fora da realidade. Porém, se houvesse mais intelectualidade no mundo, mais gosto pelo conhecimento, sistemas injustos seriam mais combatidos.


Mas a verdade é que de uma forma ou de outra, todo mundo entra pelo cano pelo menos uma vez na vida. Não são apenas os amorosos, os honestos, os doces e os intelectuais. Não é só gente afetiva que está por aí sozinha, com o coração despedaçado. Não é só gente honesta que precisa matar um leão por dia para sobreviver. Não são apenas os doces que se sentem ignorados de vez em quando. A verdade é que a vida é pancadaria, como ouvi uma vez uma pessoa querida dizer. Ela disse que era preciso fortalecer o emocional pois a vida é pancadaria. Sim, a vida é dura, mesmo quando a gente não faz mal a ninguém. A vida é dura mesmo quando a gente prejudica alguém sem se dar conta. A vida devolve tudo, mas demora mais tempo para devolver o bem.


Acabamos notando e nos incomodando mais com os dramas ocorridos na vida das pessoas que amamos, na vida de gente que dá um duro danado, que se entrega por amor, que é um amigo para todas as horas, que não se sente superior a ninguém. Notamos e nos incomodamos mais com o sofrimento de gente que sabe se doar, que enxerga além dos limites do próprio umbigo.


Porém, os egoístas, os arrogantes, os trapaceiros, os secos também são afetados pela dramaticidade da vida. Só que de duas, uma: ou não vemos o que se passa com estas pessoas porque não sentimos empatia por elas ou não vemos porque elas não permitem que as outras pessoas descubram os seus fracassos, as suas dores, as suas batalhas perdidas, o afeto que lhes é negado. Nenhum arrogante, que arrota superioridade, vai permitir que outras pessoas saibam sobre seus desencontros, sobre suas perdas e rejeições. Sobre o tédio da sua vida.

 

Sim, não pense que apenas você e seus amigos queridos passam por poucas e boas. Todo mundo passa. Sempre falta algo essencial na vida de cada um de nós. Então, quando você se sentir injustiçado pelo destino cruel, pense que todos nós estamos no mesmo barco, navegando furiosamente sobre um mar caótico e imprevisível.


*Silvia Marques


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