Eu Pedi Pra Você Não Me Magoar Novamente.
Eu pedi. Com palavras simples, mas carregadas de tudo que já doeu. Pedi com o coração na mão, com a voz embargada, com o olhar cansado de quem já suportou mais do que deveria. Pedi com esperança, mesmo sabendo que talvez você não entendesse a profundidade do meu pedido. Pedi porque ainda acreditava que havia espaço para cuidado, para escuta, para mudança.
Não foi um pedido qualquer. Foi um pedido de quem já foi ferida demais. De quem já se calou por medo de perder. De quem já se anulou para manter a paz. Foi um pedido de quem ainda ama, mas está exausta. De quem ainda acredita, mas já não sabe se vale a pena continuar acreditando.
E mesmo assim, você me magoou. De novo. E o “de novo” pesa. Pesa porque carrega a repetição, o descaso, a falta de transformação. Pesa porque mostra que o que eu sinto não te alcança. Que o que eu peço não te toca. Que o que eu preciso não é prioridade pra você.
Você me magoou com o silêncio, com a ausência, com a indiferença. Me magoou quando não percebeu meu cansaço, quando não perguntou sobre meu silêncio, quando não se importou com o que eu estava tentando esconder por trás de um sorriso forçado. Me magoou quando escolheu não cuidar, mesmo sabendo que eu estava frágil.
E isso me faz repensar tudo. Me faz questionar se o amor que você diz sentir é mesmo amor — ou só apego, costume, conveniência. Porque amar não é só estar presente. É estar atento. É estar disponível. É estar disposto a mudar o que machuca, a rever o que fere, a reconstruir o que foi quebrado.
Eu pedi pra você não me magoar novamente. Não porque eu esperava perfeição, mas porque eu esperava consideração. Esperava que você lembrasse do que me dói. Que você respeitasse o que eu confiei. Que você cuidasse do que construímos. Mas você não cuidou. E agora, eu estou aqui, tentando juntar os pedaços de algo que talvez não tenha mais como ser inteiro.
Talvez você ache que foi pequeno. Que foi só um detalhe. Que eu estou exagerando. Mas pra mim, foi o suficiente pra acender todas as lembranças antigas. Todas as vezes em que eu pedi e não fui ouvida. Todas as vezes em que eu esperei e fui deixada pra depois. Todas as vezes em que o amor virou descuido.
E eu não sei o que vem depois disso. Não sei se ainda há caminho. Mas sei que, dessa vez, a mágoa não passou despercebida. Ela ficou. Ela pesou. E ela me fez repensar tudo.
Porque quando alguém magoa depois de um pedido claro, não é falta de entendimento. É falta de cuidado. E amor sem cuidado não é amor — é só presença vazia. E eu não quero mais viver ao lado de alguém que me escuta, mas não me ouve. Que me vê, mas não me enxerga. Que me ama, mas não me cuida.
*César