Entre o medo de sentir e a coragem de se permitir
Às vezes você não quer encontrar o amor.
Não porque não acredita nele, mas porque está cansado.
Cansado de promessas que não se cumprem, de histórias que começam intensas e terminam em silêncio.
Cansado de se doar e não ser visto.
De se entregar e não ser cuidado.
De esperar reciprocidade e receber ausência.
Você se fecha.
Se protege.
Se convence de que está melhor assim.
Melhor sozinho, melhor sem expectativas, melhor sem se arriscar.
Você constrói muros, cria rotinas, se ocupa com tudo — menos com o que sente.
E diz pra si mesmo que está tudo bem.
Que o amor não é prioridade.
Que você tem outras coisas pra viver.
Mas o amor…
O amor não respeita seus planos.
Ele não pede licença.
Não manda aviso.
Ele simplesmente te encontra.
E quando encontra, não é como nos filmes.
Não tem trilha sonora nem câmera lenta.
Não tem declarações dramáticas nem gestos grandiosos.
É sutil. Quase imperceptível.
É uma conversa que flui fácil.
Um olhar que te atravessa.
Um toque que te acalma.
É alguém que te escuta com atenção, como se cada palavra sua tivesse valor.
É aquele riso que encaixa no seu, como se fossem feitos para se encontrar.
E você começa a sentir algo diferente.
Não é paixão avassaladora.
É paz.
É leveza.
É a sensação de que, com essa pessoa, o mundo parece menos pesado.
Que os dias difíceis não são tão difíceis assim.
Que você pode ser quem é, sem máscaras, sem medo.
Sem precisar provar nada.
Sem precisar ser mais ou menos do que você já é.
E aí você se pergunta:
O que torna uma pessoa especial?
Talvez seja o jeito como ela te olha quando você está distraído.
Ou como ela lembra das pequenas coisas que você nem percebeu que disse.
Talvez seja a calma que ela traz quando tudo parece desmoronar.
Ou a forma como ela te faz rir mesmo quando você acha que não tem mais graça.
Talvez seja o silêncio confortável.
Ou o abraço que parece casa.
Talvez seja o fato de ela não tentar te mudar, mas te inspirar a evoluir.
De ela não te cobrar, mas te acolher.
De ela não te prometer o mundo, mas te oferecer presença.
É difícil explicar.
Porque o amor verdadeiro não se mede, não se calcula, não se força.
Ele simplesmente acontece.
E quando acontece, você entende que não precisava estar pronto.
Só precisava estar aberto.
Aberto para sentir.
Aberto para confiar.
Aberto para se permitir viver algo novo.
Mesmo com medo.
Mesmo com cicatrizes.
Mesmo sem garantias.
Talvez o amor não bata na porta.
Talvez ele já esteja ali, sentado ao seu lado, esperando você notar.
Esperando você parar de correr, de fugir, de se esconder.
Esperando você se permitir sentir.
E quando você sente…
Ah, quando você sente…
Tudo muda.
Você muda.
Porque o amor — o amor de verdade — não te prende.
Ele te liberta.
Te faz querer ser melhor, crescer, cuidar.
Te faz querer ficar.
Não por obrigação.
Mas por escolha.
Então, se hoje você acha que não quer encontrar o amor, tudo bem.
Você tem seus motivos.
Você tem suas dores.
Você tem sua história.
Mas saiba: ele pode te encontrar.
E quando encontrar, espero que você esteja disposto a enxergar.
A reconhecer.
A viver.
Porque o amor não é sobre estar pronto.
É sobre estar presente.
*César