Lutar ou fugir? por que corremos dos nossos problemas?


Todos nós enfrentamos desafios em nossas vidas, e em muitas dessas ocasiões nós entramos em um estado chamado de “Luta ou Fuga”, esse estado mental é como uma programação do nosso cérebro, um passo a passo pré-estabelecido pelo nosso instinto de sobrevivência que nos diz que quando nos deparamos com algo “ameaçador” temos que fugir, e se não pudermos fugir, só então devemos lutar para sobreviver.


O problema desse instinto é que ele é primitivo e não consegue diferenciar o que deve ser evitado e o que deve ser enfrentado, então por regra fugimos sempre que é possível, e muitas vezes isso acontece em momentos inadequados, porque nem todos os desafios que enfrentamos são riscos para nós, e vários deles nos causariam muito menos danos se fossem enfrentados imediatamente.


Além de nos preparar para fugir, o comportamento de “Luta e Fuga” aciona em nosso cérebro determinadas sensações, a mais comum é o medo, ele faz isso para preparar o nosso corpo para essas situações adversas, então como respostas podemos ter reações exageradas ao que está ocorrendo.


Gritamos sem ter que gritar, brigamos sem ter que brigar, e muitas vezes agravamos a situação por agirmos de forma irracional.


O que acontece quando começamos a utilizar o instinto de fuga em todos os nossos problemas cotidianos? O primeiro impacto é que esses problemas nunca vão deixar de existir, nunca vão desaparecer, e vamos dar tempo para que eles se compliquem ainda mais.


O segundo é adquirirmos o hábito de fugir, porque temos a ilusão de que funcionou uma vez e o nosso cérebro aprende que é uma “nova estratégia”, e começa a repeti-la várias outras vezes e nem nos damos conta disso.


Rapidamente você se torna um colecionador de problemas, e um fugitivo de si próprio, porque a partir daí começa o pior dos efeitos de correr dos problemas, ser perseguido por eles através dos seus próprios pensamentos, então você começa a pensar em ideias mirabolantes como: Deixar tudo pra trás, mudar de país, de cidade, de emprego, mudar sua vida radicalmente, na tentativa em vão de encontrar uma solução mágica e repentina.


Existe um ditado que se encaixa bem nessa situação: “Se você procura sua carteira onde não perdeu, jamais vai encontra-la”.


Fugir achando que é uma solução para seus problemas ou com a expectativa de encontrar um mundo ideal onde esses problemas não existam só vai fazer com que você perca tempo e energia, enquanto isso seus problemas se acumulam e se tornam uma gigantesca e inevitável bola de neve.


Lidar com determinados desafios é como um jogo de xadrez, nunca tome uma decisão repentina ou com pressa se isso envolver uma grande e marcante mudança na sua vida, principalmente se for logo após uma situação negativa para você. Espere um tempo, se permita ter um tempo para digerir o que aconteceu, e encare o problema, entenda o que aconteceu, entenda o que você pode e o que não pode fazer, e só então decida quais passos deve dar.


Então antes de se deixar dominar pelo instinto e iniciar um processo de fuga da situação, pare e pense: “O que está acontecendo aqui?” e projete-se no futuro, imagine-se lá caso esse problema não seja resolvido agora, quais serão suas consequências? O que acontece se ficar deixando para depois? Ele vai sumir? Ele vai se tornar mais simples?


Agora com base nessas respostas da reflexão anterior, pense no que você poderia fazer para solucionar essa questão agora ou pelo menos enfrenta-la, e lembre-se, todo desafio tem solução, se não tiver solução não é um desafio, é uma situação da vida, então não precisa nem fugir e nem enfrentar, apenas aprender a lidar com ela e aceita-la.


*Michel Mansur 

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