Ser alguém que não somos para agradar os outros: qual o resultado?

Quando passamos mais tempo sendo o que os demais querem e não o que somos, normalmente adoecemos, a autoestima baixa e, principalmente, colocamos nossa vida no piloto automático.
O que nos leva a passar por cima de nossos gostos, de nossas crenças, do nosso valor, para fazer ou ser o que os demais esperam de nós?
Uma autoestima baixa. Quando passamos a vida sem ver nosso valor, sem perceber a nossa real importância, nós nos tornamos vulneráveis. Muitas vezes, nós nos aproximamos e valorizamos as pessoas que não nos dão a real importância, as pessoas que não retribuem o mesmo carinho, a mesma atenção, que dispensamos a elas.
Escuto com frequência pessoas que perderam a real identidade por medo de não agradar, por medo de não serem aceitas.
Vamos a um conto que gosto muito e, que mostra bem isso que estou falando:
“Tang era um simples operário no Reino do Oriente. Ele trabalhava o cobre e fabricava magníficos utensílios que vendia no mercado. Gostava de viver e tinha uma boa autoestima. A única coisa que lhe faltava era encontrar a mulher da sua vida. Um dia, um mensageiro do rei veio anunciar que o monarca desejava casar a princesa com o homem que tivesse a melhor autoestima em seu reino. No dia marcado, Tang foi ao castelo e se viu no meio de várias centenas de jovens e pretendentes.
O rei olhou para todos eles e pediu que um dos seus cortesãos desse cinco sementes de flores a cada um deles. Depois, mandou-os voltar na primavera com o vaso de flores originadas daquelas sementes. Tang plantou as sementes, cuidou bem delas, mas nada nasceu, nenhum broto, nenhuma flor. Na data combinada, Tang pegou seu vaso sem flor e foi ao castelo. Centenas de outros pretendentes carregavam vasos cheios de flores maravilhosas e zombavam de Tang com seu vaso de terra sem flor. Então, o rei pediu que cada um passasse diante dele e mostrasse o seu vaso. Quando chegou sua vez, Tang, um pouco intimidado diante do Rei, disse: nenhuma semente germinou, Vossa Majestade. O rei respondeu: Tang, fique aqui perto de mim!
Quando todos os pretendentes terminaram, o rei mandou todos embora, menos Tang. Ele anunciou a todo o reino que Tang e a princesa se casariam no verão seguinte. Foi uma festa extraordinária! Tang e a princesa ficaram cada vez mais apaixonados. Eles viviam muito felizes.
Um dia, Tang perguntou ao rei, seu sogro: Vossa Majestade, porque eu fui escolhido para ser o vosso genro, já que as minhas sementes não tinham rebentado? Porque elas não podiam rebentar, eu as tinha fervido durante uma noite inteira! Assim, você foi o único que teve estima suficiente de si mesmo e dos outros para ser honesto! Era este homem que eu queria como genro!”
Quando nos preocupamos no que os demais vão pensar, quando não queremos mostrar nossas fragilidades, nossos erros, nossas limitações, vamos nos tornando reféns dos demais. Vamos atribuindo poder aos outros e enfraquecendo o nosso. Vamos moldando nossa vida pelo olhar dos demais e perdendo nossa real essência.
E como reverter isso?
Resgatando nossa autoestima adequada, ou construindo uma autoestima forte, se nunca tivemos uma.
Fácil assim? Claro que não. Trabalho como psicoterapeuta e sei bem como é difícil, porém, quando a mudança acontece, vemos que vale a pena o sacrifício, vale a pena o investimento.
Basicamente, você tem uma autoestima adequada: quando se aceita como é e, busca mudar o que não gosta em si, quando controla suas emoções, quando tem confiança em si, quando encara conflitos como fonte de aprendizagem e quando coloca limites claros nos outros.
Como então cultivar uma autoestima adequada:
– Cultivar as emoções positivas, colocando um filtro para não enfatizar as emoções negativas como culpa, raiva, medo, que nos enfraquecem.
– Assumir a responsabilidade de tudo em nossa vida, ao invés de viver culpando os demais pelo que não fazemos, pelo que não dizemos.
– Evitar julgar as pessoas e tirar conclusões precipitadas.
– Viver no presente, o foco nos fortalece. Quando estamos sempre no passado, ou no futuro a ansiedade se aproxima e, vai ficando, vai crescendo.
– Reforçar sempre as coisas que você tem de bom. Lembre-se sempre o que já conquistou, o que já superou.
– Lembre-se sempre de que: tudo passa.
– Seja seu/sua melhor amigo/a!
Procure dar um passo por vez. Quando a gente quer fazer tudo ao mesmo tempo e de forma rápida, há grande chance da mudança não se estabelecer realmente numa base sólida e, em consequência não darmos a continuidade devida e necessária. Conseguimos persistir com mais facilidade dando pequenos passos todos os dias.
É como na academia, afinal você não entra pela primeira vez e sai fazendo os exercícios mais pesados, sem antes preparar por dias a musculatura, ir aumentando aos poucos o peso, o tempo.
Garanto que dá certo e, se você tem a crença limitante que não consegue mudar sua autoestima, ou, que já tentou e não conseguiu, pense realmente nisso:
– Não esqueça que Albert Einstein não falou até os quatro anos de idade e que seus professores disseram que ele: “nunca se destacaria muito”.
– Lembre-se que Steve Jobs aos 30 anos ficou arrasado por ter sido retirado da empresa que ele mesmo criou.
– Tome como exemplo Michael Jordan que, depois de ser cortado de sua equipe de basquete na escola, trancou-se no quarto e chorou.
E não são só essas pessoas que persistiram, acreditaram e conquistaram o que queriam. Tem o Pedro, a Vera, o Henrique, etc. Quem são?
São aquelas pessoas que, como você e como eu, perseguem seus sonhos apesar de um monte de coisas que atravancam a vida da gente, se a gente deixar.
A gente tem que elevar a nossa autoestima, pois sempre vamos ter por perto pessoas que não acreditam na gente, que não nos incentivam, mas, se nós queremos subir ao palco de nossa vida, como protagonistas da nossa história, nós temos que acreditar, continuar, persistir.
Grande abraço!


*Isabel Rios Piñeiro

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