Amor sem divisões

Dois jovens estavam num jantar muito romântico.

Ambos estavam namorando há três meses, mas já sentiam um amor sincero um pelo outro.

- Eu te amo, disse o rapaz.

- Me ama mesmo? Perguntou a moça.

- Claro, eu amo tudo em você. Seus olhos, seus cabelos, sua boca, seu sorriso, amo até os seus defeitos. Enfim, te amo por inteiro.

- Fico feliz em ouvir isso, disse a moça. - Eu também te amo.

O rapaz, muito feliz, pegou seu garfo e levou a boca. Olhou para o prato e viu que nele estava um fio de cabelo no meio da comida.

- Eca, que nojento isso! Disse o rapaz, tirando o fio de cabelo do prato.

- Deixe eu ver, disse a moça.

Ela olhou bem o fio de cabelo e disse:

- Esse fio de cabelo é meu, sabia? Deve ter caído no seu prato agora, por acidente. Mas espere um momento. Você não disse que amava tudo em mim, que seu amor por mim era completo e que incluída tudo? Por que meu fio de cabelo na sua comida você não ama? O fio de cabelo não teve sua origem em mim mesma?

O rapaz ficou espantado. De fato, ele amava a moça, mas por que então havia sentido nojo do fio de cabelo, já que esse fio de cabelo pertencia a ela? Pensou por um instante e respondeu:

- Meu amor, acredite. Eu amo você por inteira. Mas esse fio de cabelo estava separado de você, tinha saído do seu cabelo e foi parar no prato. Ele veio de você, mas como ele não está mais integrado em você, se tornou algo que não lhe pertence mais.

A moça e o rapaz conversaram por bastante tempo, tentando resolver esse enigma. No final, eles compreenderam que o amor sempre pressupõe uma integração e uma harmonia entre as partes, e que as partes separadas não representam o amor real. Se alguma parte se dissocia do todo, ela acaba perdendo seu valor. O amor só faz sentido quando tudo está unido, quando não há separações ou divisões, quando todas as coisas estão perfeitamente integradas. Esse é um dos princípios do amor. Não é possível amar partes separadas. O amor é sempre integral e completo.

Autor: Hugo Lapa

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