Quando o amor era verdadeiro, mas a pessoa não era.



Ah, como dói descobrir…
Que alguém que você amou, admirou, esperou — talvez nunca tenha existido como você imaginou.
Não é que a pessoa não estivesse lá.
É que o que você viu era uma projeção.
Um reflexo das suas esperanças, dos seus afetos, da sua vontade de acreditar.

Idealizar é humano.
É o coração tentando preencher os vazios com beleza.
É a alma querendo encontrar abrigo em outro peito.
Mas às vezes, o que enxergamos não é o que está.
É o que desejamos que esteja.

E quando a cortina cai,
quando os gestos não combinam com as palavras,
quando o silêncio grita mais alto que a presença,
a dor vem.
Vem como um rompimento interno.
Como se algo dentro de nós tivesse sido arrancado sem aviso.

Não é só a pessoa que se desfaz —
é a imagem que criamos dela.
É o sonho que construímos em cima de gestos que nunca foram reais.
É a confiança que depositamos em algo que não tinha base.

E isso machuca.
Machuca porque nos sentimos enganados.
Machuca porque nos sentimos tolos.
Machuca porque, no fundo, queríamos que fosse verdade.

Mas essa dor também ensina.
Ela nos obriga a olhar para nós mesmos.
A perguntar: “Por que eu precisei acreditar nisso?”
A refletir sobre o que nos falta, sobre o que buscamos, sobre o que projetamos.

E nesse processo, nasce algo novo.
Nasce a maturidade de enxergar com mais clareza.
Nasce a coragem de amar sem se apagar.
Nasce a sabedoria de reconhecer que nem todo mundo merece o espaço que damos.

A decepção não é o fim.
É o início de uma nova forma de ver.
É o convite para amar com mais verdade,
para se relacionar com mais presença,
para se escolher com mais firmeza.

Então sim, dói.
Mas essa dor é também libertação.
É o rompimento necessário para que a alma volte a respirar.
É o espaço que se abre para que você volte a se encontrar.

Porque no fim,
o que permanece não é quem você imaginou —
é quem você se tornou depois da queda.

E isso…
isso é força.


*César

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