A nossa proteção vem do Alto, vem de Deus que não desampara ninguém


O tempo tem me mostrado tanta coisa, tem dito tudo que no fundo, muitas vezes, não quis ouvir.


Um tempo por vezes silencioso, transitório, confuso, dançando dentro do meu coração que tanto se percorreu por aí.


O tempo tem sido útil, tem sido leve e ao mesmo tempo carregado de tempestades emocionais passageiras, de coisas que bagunçaram o eixo, desarrumaram minha vida, que me fizeram buscar forças além de mim. Muitas vezes eu corri, eu me protegi, deixei tudo passar.


Mas eu confesso que me tornei alguém melhor do que já fui. Confesso que, se tivesse a maturidade de hoje, não cometeria mais os mesmos erros, não seria assim tão carente de sentimentos que não vivi.


 Talvez dentro das camadas que descasquei encontrei algo que me aprofundou e me fez maior não de ganância ou prepotência, mas alguém com coragem e ousadia para se levantar e dar a cara para bater, mesmo doendo por dentro.


O tempo, que sempre me trouxe e levou o que foi preciso, também me acomodou em lugares macios, em abraços fortalecidos em instantes que foram abençoados por Deus.


E quem sou para reclamar do agora? Agora mesmo o que eu sinto é a sensação de que o céu lá fora é tão grande quanto o tamanho da minha fé, tão grande quanto a luz que recebo em momentos de aflição e medo.

 

Às vezes, sinto que não sou daqui, que quis encontrar algo que não vi, e que, muitas vezes, me esbarrei naquilo que não percebi. Estranhamente eu sei que a vida é esse constante revelar, é esse constante interceder, em que tudo está plenamente escrito.


Muitas vezes, o olhar se perdeu, a visão ficou turva porque em algum momento fiquei mais descrente. Mas eu tenho algo que me leva e me diz que a proteção maior vem do Alto e que Ele, lá de cima, não desampara ninguém.


De peito aberto, eu tenho relevado muita coisa e adentrado outras que me mostram um despertar diferente. É a consciência de quem se sustenta e se eleva a cada dia. O tempo cuidou de tudo, assim como foi cúmplice de tudo que atravessei.

 

Nessas travessias, onde pontes serviram de escada, onde muros foram fechados por conta do endurecimento de quem não quis se abrir, percebi que não dá para nadar no raso e viver uma vida urgente para quem não sabe corresponder.


Tudo que tenho endereçado são cartas de gratidão a Deus pedindo saúde para continuar o que aflora aqui dentro. O tempo faz parte do que levo hoje, do que embalo no presente. Presente, esse que me trouxe tantos esclarecimentos. Sou uma pessoa de sorte, solavanquei, mas consegui sobreviver.



*SIL GUIDORIZZI 

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