“Qualquer árvore que queira tocar os céus, precisa ter raízes tão profundas ao ponto de tocar os infernos”.

Como já disse Jung: “qualquer árvore que queira tocar os céus, precisa ter raízes tão profundas ao ponto de tocar os infernos”.

A verdade, de verdade? Tem certeza? Hoje em dia, pregamos a supervalorização da verdade, como a salvação da alma e a elevação do orgulho próprio, ao dizer que “só falo a verdade, odeio mentira”. A tranquilidade de estar com o “lado direito de Deus” garantido, só é alcançada por aqueles que estão no caminho do bem, o qual é permeado apenas de honestidade e, consequentemente, da verdade.

Todos preocupados com a salvação de nossas almas, em um mundo de regeneração!

Só que a verdade das pessoas não é linda o tempo todo. Aí criou-se a verdade politicamente correta: você diz a verdade que é bonita aos ouvidos alheios. A verdade feia, você guarda para você. Quem diz a verdade integralmente, é tido como inconveniente, azedo, chato, amargo, problemático, desagradável.

Você só diz a verdade sobre os momentos em que está cintilando de alegria, em plena comunhão com o belo, o sagrado e a felicidade. Nos momentos em que sua essência está tomada pelo feio, pelo sacrilégio e pela amargura, você se omite. E se esconde. E finge. E, enfim, se deprime e adoece.

Precisa, então, vestir uma máscara na qual você aparenta estar vivendo uma verdade falsa. E isso não seria mentir? JAMAIS! Isso é apenas manter a positividade diante dos problemas.

A livre expressão deixa de ser livre, e se torna reprovável. A verdade feia incomoda. A pessoa que aceita e expõe a verdade feia, faz com que as outras se afastem, pois é a prova de que a felicidade plástica e eterna é mentirosa, então é melhor o distanciamento, sob a desculpa de que a pessoa é muito “negativa”.

Deixa eu te contar uma coisa: não é porque ela tem uma energia ruim, mas sim porque ela te faz parar para pensar em coisas das quais você foge. E quando você encara o mundo consciente de que ele também tem verdades feias, você fica triste. E prefere uma felicidade falsa e incompleta, do que momentos de tristeza e a plenitude da verdade real. O mundo não está preparado para a verdade verdadeira. Ela é feita de alguns momentos felizes e muitos momentos que exigem mudanças, adaptações, choros, trabalho, suscitam muitos sentimentos difíceis.

Mas quem se entrega a todos os momentos, sejam eles felizes ou tristes, é politicamente incorreto. Quem vive a sua verdade plenamente, incomoda.

Quando as pessoas aceitarem as sombras do mesmo modo que aceitam a luz, certamente as animosidades e a depressão serão coisas do passado.

Como já disse Jung: “qualquer árvore que queira tocar os céus, precisa ter raízes tão profundas ao ponto de tocar os infernos”.

*Ingrid Feferman

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