Quantas vezes você se perdeu tentando ser o que esperavam de você?



Quantas vezes você entrou em um lugar e sentiu todos os olhares pesando sobre si…
Não disseram nada, mas disseram tudo.
O julgamento estava no silêncio, na postura, no desvio de olhar, na expectativa invisível de que você fosse algo que não é.
E você, por um instante, tentou se encolher.
Tentou caber.
Tentou não incomodar.

Quantas vezes vestiu uma pele que não era sua?
Sorrindo quando queria chorar.
Concordando quando tudo em você gritava “não”.
Se moldando a padrões que nunca foram seus, apenas para ser aceito, para evitar rejeição, para não ser o “diferente”.
E no processo, foi se afastando de si.
Foi se esquecendo do que te fazia único.

Quantas vezes se sentiu sozinho(a), mesmo cercado de gente?
Em festas, em reuniões, em encontros.
Rodeado de vozes, mas sem espaço para a sua.
Presente fisicamente, mas ausente emocionalmente.
Como se estivesse em outro plano, observando tudo de fora, desejando estar em qualquer outro lugar — ou com qualquer outra versão de si mesmo.

Quantas vezes ignorou aquele sussurro interno dizendo “esse não é o caminho”?
A intuição falava, o corpo dava sinais, o coração apertava.
Mas você seguiu.
Por medo, por lealdade, por costume.
E lá na frente, percebeu que não só se perdeu do caminho — se perdeu de si.

Quantas vezes abandonou os próprios sonhos para sustentar os sonhos de outros?
De pais, de parceiros, de chefes, de amigos.
Como se sua missão fosse carregar o mundo nas costas, mesmo que isso significasse deixar seus desejos trancados numa gaveta.
E cada vez que dizia “depois eu penso em mim”, um pedaço seu se calava.

Quantas vezes engoliu a dor para proteger quem ama?
Fingiu que estava tudo bem.
Sorria com os olhos marejados.
Dizia “não se preocupe comigo” enquanto algo dentro de você se quebrava em silêncio.
Porque amar, às vezes, parece exigir sacrifício.
Mas será que precisa doer tanto?

Essas perguntas não são acusações.
São convites.
Convites para olhar pra dentro, com honestidade, com coragem, com compaixão.
Porque talvez seja hora de parar de se abandonar.
De parar de se calar.
De parar de se moldar.

Talvez seja hora de se lembrar.
De quem você é.
Do que você sente.
Do que você quer.

E de entender que não há nada mais valioso do que viver uma vida que te representa — mesmo que isso incomode, mesmo que isso desafie, mesmo que isso te coloque em caminhos menos percorridos.

Porque no fim, a paz não está em agradar o mundo.
Está em se encontrar.
E se permitir ser inteiro.


*César

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