Antes Que Seja Tarde: A Arte de Valorizar o Agora
Que a gente aprenda, enfim, a valorizar o abraço antes da ausência.
Porque há gestos que parecem simples, mas carregam o poder de curar, de acolher, de dizer tudo o que as palavras não conseguem. O abraço é presença, é entrega, é silêncio compartilhado. E quando ele falta, percebemos o quanto era essencial.
Que a gente enxergue o valor do sorriso antes da lágrima.
Porque há dias em que tudo parece leve, em que o riso escapa sem esforço, em que a alma dança com a vida. E nesses dias, muitas vezes, não percebemos o quanto são raros. Só depois, quando a tristeza chega, é que entendemos o quanto aquele sorriso era precioso.
Que a gente esteja atento ao momento que antecede a despedida.
Porque há instantes que parecem comuns, mas são os últimos. A última conversa, o último olhar, o último toque. E quase nunca sabemos que é o fim — até que ele já tenha passado. Que possamos viver cada encontro como se fosse único, porque talvez seja.
Que a gente aprenda a reconhecer a luz dos dias calmos.
Porque a paz não grita, não chama atenção, não faz alarde. Ela se esconde nos detalhes: no café quente, no céu limpo, na conversa tranquila. E é justamente essa paz que sustenta a alma nos dias difíceis. Que saibamos cultivá-la antes que a tempestade chegue.
Que o amor seja vivido sem esperar nada em troca.
Porque o amor verdadeiro não cobra, não exige, não calcula. Ele simplesmente é. Ele se doa, se entrega, se manifesta nos gestos mais simples. E é nesse amor que encontramos sentido, mesmo quando tudo parece sem direção.
Que a vida nos ensine, a tempo, o que é precioso cultivar.
Porque há coisas que não podem ser compradas, nem recuperadas: o tempo, a presença, o afeto, a escuta, o cuidado. Que possamos aprender antes que seja tarde. Antes que o arrependimento nos visite com perguntas sem resposta.
Que a demonstração de afeto não espere a partida.
Porque dizer “eu te amo” depois que alguém se vai é um grito que ecoa no vazio. Que possamos falar, tocar, demonstrar enquanto há tempo. Que o carinho não seja guardado para ocasiões especiais, mas vivido no cotidiano.
Que a alegria seja reconhecida antes dos tempos difíceis.
Porque ela é o combustível da alma. E quando os dias escurecem, é a memória da alegria que nos mantém de pé. Que saibamos celebrar os momentos bons com gratidão, sem pressa, sem distração.
Que a presença seja valorizada antes da falta.
Porque estar junto é mais do que dividir espaço — é dividir vida. E quando alguém se vai, o que mais dói é a ausência do que não foi vivido. Que possamos estar inteiros nos encontros, atentos, disponíveis.
Que tenhamos sabedoria a tempo, para termos tempo de realizar.
Porque sonhos não esperam eternamente. Pessoas não ficam para sempre. O tempo não volta. Que a sabedoria nos alcance enquanto ainda há caminhos a trilhar, palavras a dizer, gestos a oferecer.
É verdade que a vida voa.
Mas também é verdade que ela recomeça a cada dia.
A cada amanhecer, somos convidados a tentar de novo, a amar melhor, a viver com mais presença.
A vida é generosa — nos dá infinitas chances de recomeçar.
Que saibamos aproveitá-las com o coração desperto e a alma leve.
*César