“Tem gente que não se entrega à vida."

 


“Tem gente que não se entrega à vida. Por isso, sempre acha uma forma de culpar as circunstâncias ou despejar no colo dos outros a responsabilidade que só diz respeito a ele. Eu não segui por aquela estrada, porque você não me acompanhou na travessia. Eu não me entreguei à relação, porque eu te sentia fria. Eu não quis embarcar no barco, porque tive medo dele afundar. Eu não quero uma relação agora, porque quando eu quis você não estava pronto e hoje já não sinto o mesmo.

A verdade é que muitas vezes achamos que demos o nosso máximo, quando na verdade fizemos o mínimo. A estrada é nossa, mas precisamos que alguém nos acompanhe - como se nascêssemos em pares inseparáveis. Não nos entregamos às relações, porque não queremos ser o primeiro a ceder, a se declarar, a dizer que ama. Não embarcamos em relações, porque temos medo de nos afogar no mar de nossos sentimentos. Fazemos uma investida e desistimos na primeira negativa - mesmo sabendo que o outro tem milhares de razões de não entregar, novamente, o coração de bandeja.

A verdade é que somos fracos e medrosos. Desejamos tanto a felicidade e quando esbarramos não a reconhecemos. Nisso, vamos vivemos para amores ideais e deixamos passar por nossas vidas amores reais. Amores de carne, osso, sangue e coração. Amores que realmente estariam dispostos a caminhar ao nosso lado.

Acho que talvez o problema seja viver um romance na mente. Trazer para a realidade quem amávamos e nós amava, em um “mundo paralelo”, quebra o padrão que mantínhamos em nossos sonhos. A gente percebe que pessoas de carne e ossos têm defeitos, sonhos e não vivem exclusivamente para nós. Amar em sonhos só é bom para quem tem medo de viver. Porque na mente você idealiza e pode viver uma fábula digna de conto infantil. Só que a realidade é outra, não é mesmo? 

No final das contas, você acha que fez muito para ter o outro, quando na verdade todos nós sabemos que você não fez nada. Absolutamente nada. Mas é sempre mais fácil culpar o outro pela história que não se fez do que olhar para si e se confessar fraco, medroso e passivo. Talvez seja mais fácil, mas honesto e digno nunca será.” 


(Pâmela Marques)


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