Quando o chão some, é do céu que vem a sustentação



Há dias em que o mundo escurece.
Não por falta de luz — mas por excesso de dor.
São aqueles momentos em que o que era firme desaba,
o que era certeza vira dúvida,
o que era companhia se transforma em ausência.

É difícil respirar quando parece que a estrutura da vida rachou.
Planos ruem.
Palavras falham.
Pessoas partem.
E o chão — que antes sustentava, guiava, firmava — parece ter sido puxado dos seus pés sem aviso prévio.

Nesses dias, é fácil pensar que tudo acabou.
Que não há mais para onde ir, nem onde pisar.
É difícil confiar.
Difícil reagir.
E quase impossível acreditar que há propósito em tanta dor.

Mas é aí…
é exatamente aí que a fé começa.

Porque o chão some, sim.
Mas o céu — aquele teto invisível que sempre esteve lá — permanece.
E é dele que vem o sustento que a lógica não explica.
É no invisível que Deus começa a operar.
Sem barulho, sem espetáculo, mas com precisão e amor.

O céu não depende da sua estabilidade.
Ele se revela na instabilidade,
na entrega,
na vulnerabilidade.
Na coragem silenciosa de quem, mesmo sem força, escolhe olhar pra cima.

E quando você levanta os olhos…
o que encontra não é julgamento.
É acolhimento.
É promessa que ainda está de pé.
É cuidado que nunca foi interrompido.
É amor que não depende das circunstâncias.

Deus nunca deixa de estar presente.
Ele não se afasta porque você fraquejou.
Não se retira porque você caiu.
Pelo contrário — Ele se aproxima, segura, sustenta.
Vira base quando o chão se vai.
Vira resposta quando tudo é dúvida.
Vira sentido quando a lógica fracassa.

A sua queda não é fim.
É ponto de contato.
Porque há mãos invisíveis te segurando,
mesmo quando tudo escapa das suas.

Você não está perdido(a).
Está sendo reposicionado.
Você não está sozinho(a).
Está sendo cuidado por quem vê além.

Respira.
Não como quem ignora a dor,
mas como quem escolhe acreditar no milagre.
Mesmo que seja um milagre em construção.

Não se culpe por duvidar.
Não se castigue por se sentir fraco(a).
Deus entende até a oração que não sai da boca.
E responde até a lágrima que ninguém vê.

Se o chão sumiu, olhe pro céu.
Ele continua lá — firme, vasto, silencioso…
mas cheio de respostas que ainda vão te alcançar.


*César

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