FOFOCA? CUIDADO. FUJA!

Há alguns problemas na fofoca. O primeiro é que raramente termina onde começou. Fofocas são Gremilins. Lembra deles? Crescem com a saliva. Se multiplicam. Se espalham. Se transformam. Envenenam. Mentem. Causam prejuízos irreparáveis.

O segundo é que quem traz, leva também. A mesma pessoa “amiga” que fala de fulano para você, vai falar de você para fulano. Portanto, cuidado. Todo cuidado é pouco.

O terceiro é que há pessoas que são como cobras. Elas armam o bote. Quando você vê, já caiu. Olha seu print passeando em grupos de whatsapp. Vai desmentir? Vai se explicar? Gravações e prints são piores que batom na cueca. Não há desculpas cabíveis.

Na fofoca, como na vida, vale a lei do retorno. Tudo o que vai, volta. Uma espécie de castigo celestial ou energético. Seja por pena. Por fé. Por ética. Ou só pelo prazer de ficar em paz no seu canto, não julgue. Não divulgue. Desvie. Evite.

Quando Paulo me fala de Pedro, seu mais de Paulo que de Pedro. Pode ser que você nunca saiba se a história contada era mesmo daquele jeito. Ou se ela sequer aconteceu. Uma coisa você pode ter certeza, da personalidade de quem te conta. O jeito fofoqueiro de ser traz em si um gosto por maldades.

Eles gostam de ver o circo pegar fogo. Pouco se importam com as consequências que isso pode gerar. Abra o olho. Você está convivendo com uma pessoa perigosa. De moral esquisita. Todo cuidado é pouco.

Segue aqui o manual antifofoca para você ter na gaveta. No bloco de notas do celular. Nos documentos do laptop. Sempre à mão, ajudando a fechar a boca. Afinal, em boca fechada não entra mosca.

1- Nem sim, nem não. Muito pelo contrário.

- Sabe o fulaninho? Foi pego em flagrante.

Claro que você vai querer detalhes. Eu também iria. É armadilha. Não caia nessa. O pior peixe é o que morre pelo ouvido.

Corte com delicadeza. Não ponha fogo na fogueira. Lembre que hoje o rabo é dele. Amanhã vai ser o seu. Comente um neutro:

- Ah, coitado. Poxa, que chato.

Comentários pouco cruéis são pura água fria na fervura. Têm a capacidade de murchar os fofoqueiros. Eles vão procurar melhores ouvintes. Dessa vez você foi salvo.

2- Mantenha a neutralidade.

Não escolha lados. Não tome partidos. Entenda que todos sempre, em algum momento, têm razão. E que toda história tem sempre, pelo menos dois lados. Aquele é só um deles. E ainda pode estar bem distorcido.

3- Tenha desculpas na manga.

Diga que o celular está tocando. Que você está atrasado. Estava no meio do caminho. O chefe chamou e você tem que correr. Enterro da tia de uma prima. Qualquer coisa. Já sabe que a pessoa gosta de uma treta, não seja pego desprevenido. Já chegue de ré. Pronto a sair de perto sempre que possível.

4- Colecione bons assuntos.

Uma forma de fugir de fofoca é ter bons assuntos na mente. A novela da véspera. O tempo que passa tão rápido. O calor insuportável. O frio insuportável. Filmes em cartaz. Vale tudo.

Piadas ajudam muito. Descontraem. Divertem. Sem causar vítimas. Viu que a fofoca vai começar? Seja rápido. Saque as melhores piadas, os mais interessantes assuntos. E desvie a conversa sem dó.

Se ninguém rir, não se ofenda. Ria sozinho. E pronto. A próxima fofoca vai ser sobre você, o péssimo contador e piadas. Nem ligue. Fofocas são fogo de palha. Na mesma chama que acendem, apagam.

5- Fuja.

Pessoas peçonhentas não querem só te informar. Elas não são boazinhas. Não se iluda. A fofoca é a isca. Elas te pescam. E você, bobão, confiante, crente que abafa, começa a contar o que sabe. De seu e dos outros.

Só há uma forma certa de se proteger de fofoqueiros: a distância. Percebeu a aproximação? Nem pense duas vezes. Fuja.

Por: Mônica Raouf El Bayeh

Mônica é carioca, professora e psicóloga clínica. Especialista em atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias.

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