Uma forma de não se decepcionar: enxergar e aceitar as pessoas como elas são.

Às vezes, nós temos a mania de pintar as pessoas em nossa mente da forma como gostaríamos que elas fossem. Fantasiamos suas qualidades e as colocamos como pessoas perfeitas para fazer parte da nossa vida.

Depositamos nelas nossos sonhos e confiança elegendo-as como “melhores amigas”, “amor da nossa vida”, etc.

Com o passar do tempo, descobrimos que as pessoas não são da forma como havíamos pintado e, de certa forma, sentimo-nos decepcionados.
Assim, colocamos nelas toda a culpa e passamos a enxergá-las como pessoas “falsas”, quando na verdade, falsa  foi a nossa primeira impressão sobre elas.

Elas não têm culpa se nossa carência afetiva nos impediu de enxergar os seus defeitos.

Elas não têm culpa se lhes atribuímos uma perfeição que nunca existiu.

Por que nos decepcionamos quando as pessoas não agem da forma que esperávamos?
Por que exigimos que os outros tenham certas qualidades que não conseguimos manter em nós mesmos?

Quando conhecemos alguém, somos nós que o descrevemos  para o nosso coração, com todas as qualidades que conseguimos perceber. Se é por empolgação, não sei dizer, mas que bom seria se conseguíssemos logo enxergar também os defeitos, porque então nasceria um relacionamento sincero .

Não há pessoas perfeitas e precisamos parar de criar expectativas e passar a enxergá-las e a aceitá-las como realmente são. Esta é uma forma simples de não nos decepcionar.

Se quisermos, podemos conviver com a imperfeição do outro, construindo uma relação transparente, onde a afeição de ambos será sincera e sem julgamento.

Mas, se continuarmos a fechar os olhos para os defeitos das pessoas que amamos, enxergando somente as qualidades, estaremos maquiando o nosso relacionamento e correremos o risco de que ele se borre na primeira chuva de realidade que cair.

Algumas pessoas conseguem enxergar os defeitos do outro  e optam a  não conviver com eles. Por consequência, não se decepcionam, mas, certamente, perdem a chance de conhecer o lado bom das pessoas. Porque todos nós temos um lado bom que merece ser levado em conta.

Contudo, não estou afirmando que não existam decepções e pessoas más que se disfarçam de boas. Claro que existem. 
Algumas são tão más que conseguem esconder os seus defeitos e nos enganam com suas carinhas de anjos, quando na verdade, estão ao nosso lado por conveniência.

Neste caso, é impossível não se decepcionar.

Mas estou apenas dizendo que, em algumas situações, somos nós os culpados por colocar expectativas demais nas pessoas e darmos a elas a missão de nos fazer felizes, de guardarem os nossos segredos, de compartilharem conosco nossas tristezas, nossas conquistas e alegrias, etc.

E, às vezes, nem nos perguntamos se elas dão conta de tudo isto.

E nós? Será que damos conta  de corresponder às expectativas dos outros em relação a nós?

Claro que não! E somos julgados por este motivo. As pessoas também se decepcionam conosco e, às vezes, nem sabemos por quais motivos. E dá-lhe julgamentos.
Tudo porque não aceitam que somos imperfeitos, da mesma forma como nós também não os aceitamos.

Precisamos permitir que as pessoas sejam  elas mesmas e não personagens da nossa imaginação.

Não sabemos como as pessoas se sentem por dentro. Suas lutas, traumas e suas alegrias influenciam no seu jeito de ser e de perceber o mundo.  O que vemos por fora nem sempre condiz com que elas carregam no coração. Um sorriso não significa felicidade. Assim como um choro também não significa só tristeza. Portanto, não nos convém definir as pessoas baseadas no que vemos. Não temos o direito inseri-las em nossa vida como se elas fossem personagens manipuláveis, determinando qual será o seu papel na nossa história.

A história é nossa, mas precisamos permitir que as pessoas sejam elas mesmas,com todas as suas imperfeições.  Sem exigências. Que tenham prazer em fazer parte da nossa vida sem a obrigação de corresponderem às nossas expectativas. Sem o peso de ser, 24h por dia, o nosso porto seguro.

Porém, aceitar a imperfeição do outro não quer dizer também que ela nos faz bem. Quer dizer apenas que não temos o direito de julgamento, mas temos o direito de nos preservarmos, se quisermos.

Enfim, sabemos que na vida o destino nos promove inúmeros encontros e desencontros e que nem sempre seremos maduros o suficiente para enxergar quem são as pessoas com as quais convivemos ou iremos conviver.

E se, de fato, algumas delas vão nos decepcionar, ou vice-versa. Que possamos conseguir dar a volta por cima, sem traumas, sem mágoas, conscientes de que a decepção não mata, só nos ensina a viver.

Força e paz!

*Gleidiane Miranda

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