O capim e o pasto – Um aprendizado gratuito

“Não é a cerca que segura o boi no pasto, mas sim o capim” (Desconhecido)

Em muitas outras oportunidades citei os ensinamentos recebidos do meu pai. Meu pai era analfabeto, nunca sentou num banco de escola e não aprendeu a escrever mais que o próprio nome. Mas aprendeu com a vida. Aprendeu o valor de estudar, e nos deixou um grande legado de sabedoria, adquirido na prática cotidiana. Tratando das relações humanas meu pai citava sempre “Não é a cerca que segura o boi no pasto, mas sim o capim”.

Acreditava que ao citar estas palavras meu pai falava especificamente de ciúmes. Era um conselho de que não adianta os ciúmes exagerados, a vigilância constante, o sufocamento sentimental para manter a pessoa amada ao seu lado. Entendia que as palavras soavam como uma indireta, direta para aqueles que acreditam que cercando, sufocando, prendendo e cerceando estavam fazendo o melhor. Mas não é a cerca, e sim, o capim o mais importante.

Acredite: a cerca não é a coisa mais importante do mundo.
As palavras repetidas insistentemente pelo meu sábio pai, não tratavam apenas do ciúme entre amantes. Elas podem ser extrapoladas para as relações interpessoais em geral. Sem dúvidas não são as cercas que seguram os nossos amigos, os nossos conhecidos, a nossa família. Não são as barreiras limitantes, as cobranças exageradas que sustentam as relações, mas a qualidade delas. O mais importante é o que se pode receber e oferecer em troca e não as cercas e muros.

Não estou dizendo que não precisamos dos limites que estabelecem os combinados. Que os delimitantes que cerceiam os espaços de cada um não valem nada. Claro que as fronteiras são importantes, claro que as cercas têm um sentido e um valor até psicológico para as relações em geral. Mas o engano reside na ideia de que quanto mais forte e segura forem às cercas, maiores são as garantias de durabilidade. Mas na verdade é a qualidade dos laços e vínculos que importam.

São muitos os fatores que mantém os relacionamentos vivos, a cerca é apenas um deles, e não é o mais importante.

Antes de cercar, antes de vigiar é preciso investir nos vínculos de cumplicidade que ligam, que cimentam, que promovem a cola que gruda uma pessoa a outra.
Não invista maciçamente na tecnologia de monitoramento, dedique mais atenção ao que realmente importa. Invista nos laços e vínculos. Seja melhor para que o outro não fique olhando além da cerca. Andem no sentido da luz.

 *Joel Gonzaga de Souza

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