Caixão não tem gaveta.



Essa frase pode parecer dura. Incômoda. Quase um tapa na cara. Mas às vezes é disso que a gente precisa: de um lembrete real, cru, que nos tire do piloto automático e nos faça pensar. Porque, no fim das contas, é verdade — não levamos nada daqui.

Você está correndo pra quê? Pra quem?
Acumulando o quê? Dinheiro, metas, tarefas, seguidores, conquistas?
Tentando provar o quê? E pra quem?

Vivemos em uma sociedade que nos ensina a acelerar. A produzir. A competir. A mostrar resultados. E, nesse ritmo, muita gente passa a vida inteira tentando alcançar algo que nem sabe o que é. Trabalha sem parar, consome sem pensar, vive sem sentir. E quando finalmente para… percebe que passou tempo demais longe de si mesmo.

Tem gente que vive no automático. Acorda, corre, entrega, repete.
E quando acorda de verdade, já foi tarde demais.
A vida virou uma lista de obrigações, e não uma coleção de momentos.

Talvez tudo que você precise agora seja parar. Respirar.
Desligar o celular. Sair da bolha.
Olhar para o céu, ouvir o vento, sentir o cheiro do café, abraçar quem você ama sem pressa.
Se reconectar com o que realmente importa:
Família. Natureza. Movimento. Presença.

Não é sobre fazer mais. É sobre sentir mais.
Não é sobre ser produtivo o tempo todo. É sobre ser inteiro.
É sobre desacelerar para perceber que a vida não é uma corrida — é uma travessia.

Tenho um amigo que nem Instagram tem.
A vida dele é mais devagar, mais consciente.
Ele resolve os problemas com calma, olha no olho, respira fundo…
E vive de verdade.

Não porque ele tem menos. Mas porque ele escolheu ter mais de si mesmo.
Mais tempo. Mais silêncio. Mais paz.
Ele não está desconectado do mundo — está conectado com o que realmente importa.

A gente precisa lembrar que o mundo não vai parar se você desacelerar.
Mas talvez sua alma agradeça.
Porque no fim, o que fica não é o que você conquistou.
É o que você sentiu.
É quem você foi.
É como você amou.

E quando chegar a hora de partir — porque ela chega pra todos —
não vai importar o saldo bancário, o número de seguidores, nem os prêmios na estante.
Vai importar se você viveu de verdade.
Se você esteve presente.
Se você deixou amor por onde passou.

Porque caixão não tem gaveta.
Mas o coração tem memória.
E é isso que permanece.

*César

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