Ainda há tempo. E isso... isso basta.

Mesmo quando os ponteiros da vida parecem parados, quando a rotina pesa e o cansaço sussurra desistência, ainda assim… há vida.

E onde há vida, há a chance do recomeço.

Nem sempre percebemos, mas cada amanhecer é um convite silencioso:

“Respire fundo. Tente mais uma vez. Refaça. Recomece.”

A reconstrução nem sempre exige grandes atos.

Às vezes, ela começa no gesto sutil de respeitar a própria dor,

de limpar a poeira dos dias difíceis

e estender a mão — a si mesmo.

Ainda há tempo de escolher o que antes parecia inalcançável.

Tempo de ressignificar as marcas,

de olhar para as cicatrizes não como falhas,

mas como molduras vivas do que você enfrentou.

Você não está quebrado.

Você foi reformado — com mais verdade, com mais consciência, com mais força.

Porque a dor, por mais dura que seja, nem sempre é inimiga.

Algumas dores não vieram para destruir.

Vieram para acordar.

Para sacudir o coração adormecido

e dizer com delicadeza:

"Você ainda sente. E sentir é prova de que ainda importa."

A vida não vem com garantias.

Ela não é justa o tempo todo.

Mas ela é movimento.

Ela gira, desorganiza, silencia... e depois surpreende.

Mesmo quando tudo parece imóvel,

há engrenagens invisíveis se alinhando.

Curas sendo costuradas em silêncio.

O universo não dorme — ele apenas age devagar quando o que precisa nascer exige profundidade.

Talvez você não veja ainda,

mas uma porta está se desenhando bem à sua frente.

Não do jeito que esperava,

mas no tempo certo — no tempo que constrói raízes antes de flores.

E se as respostas ainda não chegaram, tudo bem.

Nem sempre saber é necessário.

Às vezes, é mais nobre apenas seguir.

Colocar os pés no chão do agora e dizer, com fé cansada mas firme:

"Hoje eu sigo. Porque parar seria trair tudo que já caminhei."

Não permita que a dor esculpa em você o formato da amargura.

Deixe que ela molde sabedoria,

que ela afine sua sensibilidade,

que ela ensine — mas não defina.

A força mais bonita não é barulhenta.

Ela nasce na suavidade de quem segue,

mesmo quando a alma ainda está em processo.

De quem acolhe a lágrima e continua com o coração inteiro.

E se o mundo estiver escuro demais,

se parecer que tudo perdeu sentido,

respire.

Lembre-se: basta uma faísca para reacender tudo.

Basta um momento de coragem para reiniciar a rota.

Basta um passo verdadeiro para mudar o destino.

Você não precisa consertar tudo hoje.

Nem ter todas as certezas.

Nem ser invencível.

Você só precisa se permitir continuar.

Com verdade. Com fé. Com ternura.

Porque ainda há tempo.

E isso… isso basta.

*César