Amores Impossíveis
O que torna os amores impossíveis mais
bonitos é justamente a impossibilidade. Esta atrai.
A dificuldade nos impulsiona, nos motiva.
Exatamente como o perigo. As pessoas gostam de se medir às dificuldades porque
têm necessidade de provar que são mais fortes.
Assim, quanto mais difícil, mais
o amor parece ser grande, excepcional e único.
E quem não quer viver algo
grande, excepcional e único?
Num amor impossível cabem todos os sonhos,
todas as perfeições, o mínimo detalhe é idealizado. Colocamos na nossa cabeça
que aquela pessoa é exatamente o que esperamos da vida, mesmo se tudo parece
contra. Ele fica pra sempre, mesmo se outros amores vêm e vão depois... e deixa
aquela sensação de inacabado que nos persegue pra sempre.
Creio que no quebra-cabeças da vida é
aquela pecinha que fica faltando para completar o todo. E mesmo se as noventa e
nove outras estão lá, é aquela que falta, só aquela que deixa aquela dorzinha
estranha que a gente não sabe definir, mas que sente de forma tão nítida e
clara.
Acontece de um amor impossível tornar-se
possível e isso quase sempre rouba a magia do sentimento. Inconscientemente
muitos sabem disso, o que leva pessoas a preferirem viver um impossível que dá
satisfação que um possível que pode abrir os olhos para a realidade. Porque uma
vez que o amor torna-se possível, acaba a expectativa, acaba o sonho... e o
homem foi feito pra ter sonhos, pra esperar por eles! O que explica o porquê de
uma pessoa amar outra pela eternidade e nunca se declarar, de certos amores
virtuais preferirem continuar no virtual.
Um amor impossível pode marcar uma pessoa
mais que toda uma vida vivida ao lado de outra. E no outono da vida, quando o
passado se faz mais presente que o próprio presente, é aquele amor que vai fazer
brilhar os olhos e lembrar ao coração que ele ainda bate.
O impossível é belo!... como o arco-íris,
o horizonte, o céu, o infinito!... que mantém acesa a chama no coração do homem
e o faz sentir-se vivo.
© Letícia Thompson