Viver Sempre
Para a maioria das
pessoas, é muito difícil entender a vida quando se trata de enfrentar grandes
problemas de saúde. Sobretudo aquelas enfermidades que levam a criatura à
chamada vida vegetativa.
A pessoa perde o domínio
das funções fisiológicas e se torna dependente em todos os
sentidos.
Necessita de quem a
alimente, faça a higiene, troque de posição. E, em muitos casos, não pode sequer
se expressar, dizendo o que deseja, porque a fala está
comprometida.
Quando somos jovens e
cheios de saúde, é comum pensarmos que se algo assim nos acontecer, preferimos
mil vezes morrer. Avisamos aos parentes que não desejamos viver em tais
condições. O melhor mesmo é que providenciem a nossa morte com uma injeção, um
medicamento qualquer.
É difícil imaginar
alguém cheio de vida e movimento, de repente, se transformar em um ser
paralisado, em um leito de hospital.
Para toda a família, os
primeiros momentos parecem uma tragédia. Entretanto, para todos aqueles que já
vivenciaram situação semelhante, o significado de uma experiência dessas é de
grande valia.
Convivendo com um paciente totalmente
dependente, repensamos a própria vida. Que somos, afinal?
Seres extremamente
frágeis. Basta um pequeno acidente vascular cerebral para nos transformar em
criaturas desprovidas de movimento, fala ou expressão. É uma lição de
humildade.
É lição que nos diz que
a vida é o bem mais precioso, que devemos preservar com muito
cuidado.
Que devemos valorizar
todos os momentos com os nossos entes queridos, não deixando por motivo algum de
externar o nosso afeto em abraços, carícias, ternura. Porque poderá chegar um
dia em que desejaremos fazer tudo isso, e já não poderemos.
Para aquele que sofre a
restrição dos movimentos e ainda padece dores, é importante descobrir o quanto é
amado. Porque somente quem ama de verdade se recordará de cercar o enfermo de
conforto e carinho.
De trocá-lo de posição
na cama, a fim de que não se canse. De colocá-lo em uma cadeira, se possível, e
levá-lo para passear, mesmo que as suas expressões pareçam de apatia e
indiferença.
Quem ama, não deixará de
falar ao dependente enfermo do sol, das flores do jardim, da chuva generosa que
chega no final da tarde. Não deixará de abrir as janelas para que a brisa
penetre e, no cair da noite, as estrelas venham visitar o ser amado com sua
luz.
*
* *
Se você está muito
enfermo, não deseje a morte. Aproveite a vida que lhe resta. Reaprenda a sentir
alegria com os sons da natureza.
Se estiver de todo
impossibilitado de se mover, tente apertar a mão que o acaricia e o toca. Assim
você estará manifestando a sua gratidão pelos cuidados que
recebe.
Se você é aquele que
esquece de si mesmo em benefício de outrem, enfermo e dependente, agradeça a
Deus pela oportunidade de ser, na Terra, os braços e pernas do seu afeto. Os
olhos que veem a beleza, os ouvidos que ouvem e os braços que
envolvem.
Porque, em qualquer
circunstância, é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que precisa
receber.