A vida e suas histórias em cartaz
O tempo se desenrola como um grande roteiro desconhecido, onde somos ao mesmo tempo autores e espectadores. A cada amanhecer, o mundo nos entrega uma nova página, e cabe a nós decidir como escrevê-la. No entanto, há aqueles que, em vez de escrever, preferem julgar. Avaliam o enredo alheio como se fossem críticos de um espetáculo, sem perceber que suas próprias histórias estão em construção, esperando o momento de serem exibidas.
Julgar é fácil. Basta observar de longe, interpretar superficialmente e emitir opiniões precipitadas. Mas compreender exige proximidade, escuta e humildade. Em um mundo saturado de vozes que se levantam para condenar, poucos são aqueles que estendem os braços para acolher. E é justamente esse acolhimento que pode transformar um roteiro ordinário em uma verdadeira obra-prima.
A grande ironia da vida é que, cedo ou tarde, nossa própria história será colocada em cartaz. Quando esse momento chegar, como será recebida? Haverá aplausos sinceros ou murmúrios de reprovação? Os julgamentos que lançamos sobre os outros serão os mesmos que recaem sobre nós?
O segredo talvez esteja em viver com mais abertura e menos pressa em opinar. Em compreender antes de condenar. Em perceber que cada pessoa carrega batalhas invisíveis e que a verdadeira grandeza está em estender as mãos, não em apontar dedos.
No fim, cada história que vivemos se torna parte de algo maior. Algumas serão lembradas, outras esquecidas. Mas todas, sem exceção, deixam marcas. Então, que nossas marcas sejam de acolhimento, de compreensão e de respeito. Que possamos ser mais braços estendidos e menos dedos apontados. Porque, um dia, inevitavelmente, nossa própria história estará no palco, pronta para ser assistida. E talvez o maior desejo seja que, naquele momento, haja mais aplausos que críticas.
Que nossa trajetória não seja marcada por críticas vazias, mas por gestos de compreensão. Que a nossa história, quando exibida ao mundo, inspire mais respeito do que julgamento, mais empatia do que indiferença. Pois no grande espetáculo da existência, o verdadeiro triunfo não está na perfeição, mas na capacidade de viver e deixar viver.
*César