Os pessimistas

Entre as muitas
atrações do evento, havia um desafio que a todos interessou: era a escalada
ao poste.
No alto de um
gigantesco mastro havia uma cesta repleta de ouro e de comida.
Aquele que
conseguisse alcançar o topo daquele poste poderia se deliciar com a comida e
pegar para si todo o ouro.
Muitos dos que
estavam presentes pretendiam participar daquele desafio.
Quando o rei
autorizou, foi dado início à prova.
O primeiro a
participar foi um rapaz alto e forte.
Ele tomou uma
distância curtíssima e começou a subir no poste.
Não chegara nem à
metade quando, cansado e irritado, desistiu.
Enquanto descia,
dizia que o poste era alto demais e que não havia nenhuma possibilidade de que
alguém alcançasse o prêmio.
Blasfemava baixinho
para que seus queixumes não fossem ouvidos pelo rei, mas sugeriu àqueles que se
aproximavam dele que não tentassem, a fim de que o rei se visse obrigado a
diminuir o tamanho do mastro.
Alguns súditos,
influenciados pelas palavras do jovem, sentiram-se decepcionados com o rei e
foram embora cabisbaixos e choramingando.
Outros proferiram
contra o rei palavras de desapontamento.
De repente, porém,
do meio da multidão surgiu um garotinho muito magro e de aparência
franzina.
Tomou distância,
aproveitando o tumulto criado pelo jovem rapaz que o antecedera e, correndo como
o vento, iniciou sua subida no mastro.
Na primeira
tentativa não teve êxito.
Quando se preparava
para tentar novamente, as pessoas ao redor gritavam:
Desista!
Desista!
Mesmo assim ele
persistiu. Parecia mais convicto do que da primeira vez. Afastou-se e, com
energia, agarrou-se ao mastro, ganhando altura com muito empenho.
Minutos depois, após
ter realizado indescritível esforço, o garoto, diante do olhar admirado de
todos, atingiu o topo e a cesta repleta de ouro e comida.
Alguns o aplaudiram.
Outros, incrédulos, comentavam a proeza.
O rei, admirado pela
determinação do vencedor, imediatamente foi procurar o pai do garoto para buscar
uma explicação sobre o ocorrido.
Meu senhor, como
pôde esse menino, tão pequeno e fraco, alcançar um objetivo tão difícil,
enquanto todos o instigavam a desistir? - Questionou
curioso o soberano.
Sorrindo, com o
filho nos braços, o pai esclareceu: Duas coisas motivaram o meu filho a agir
da forma como agiu: a primeira é a fome, porque há dias o pobre não come nada. E
a segunda é porque ele é surdo e não ouviu nenhuma das palavras desencorajadoras
que lhe foram dirigidas.
Muitas são as razões
que podem nos motivar a buscar nossos objetivos.
Algumas delas são
nobres e dignas, outras emergenciais e até mesmo casuais.
Em verdade, o mais
importante é que tenhamos metas definidas e firme disposição para persistir
sempre.
Distinguir as
palavras de orientação das palavras de desestímulo nem sempre é tarefa
fácil.
Usemos, portanto, o
bom senso e o discernimento para saber insistir no que realmente vale a pena,
sem nos deixar acovardar pelos discursos pessimistas.