Coisas vêm e vão, pessoas vêm e ficam. Que sejamos agradecidos pelas relações e não pelos tostões!
A vida hoje em dia é uma eterna e incessante busca por algo que ainda não se tem, e precisamos mudar isto!
Queremos desesperadamente uma coisa e, quando finalmente a conseguimos, passamos a querer a próxima, e assim continuamos no ciclo vicioso de não nos contentar com o que é nosso.
Reclamamos, fazemo-noss de vítimas, indagamos o motivo de muitos terem tanto e não serem boas pessoas, ao mesmo tempo que nós, tão bons e puros, conseguimos tão pouco!
Será que somos realmente tão bons assim?
Será que somos agradecidos pela abastança? Ou será que estamos no jogo do não contentar-se?
Estamos vivendo para conseguir o que ainda não é nosso ou agradecemos pelo que já conquistamos?
O fato é que cada um de nós nutre ou já nutriu, ao menos uma vez na vida um perigoso sentimento de ingratidão e sente ou já sentiu inveja. Todos nós dizemos vítimas de invejosos, vítimas de sugadores de energias, mas nunca admitimos que também somos ou já fomos o lobos maus, algum dia.
Nós cometemos o grande equívoco de aprender a ser ingratos. Nunca se está satisfeito com o que já tem. Já parou para pensar nisso?
Se estamos com cabelos cacheados, queremos o liso, se alisamos, sentimos saudade dos cachos; compramos uma moto, queremos um carro, conseguimos o carro e logo queremos outro melhor; sapatos nunca são suficientes, podemos ter dez, mas já desejamos o décimo primeiro.
Frustrando-nos e nos maldizemos se não conseguimos algo, esquecemos de lembrar a tortura que era usar transporte público ou andar descalços.
O menino em terra firme que observa um avião alçando vôo, anseia por voar, mas seu piloto, que todos os dias o faz, sonha em voltar para casa e pousar seus pés no doce lar.
Somos seres ingratos por natureza. Ou esquecem que Adão e Eva tinham o paraíso, mas não satisfeitos, precisaram provar do único fruto proibido em meio a um universo de permissões?
O que não temos nos atrai e nos move, o que já temos, muitas vezes, é esquecido.
Vivemos um vazio existencial doentio e preocupante. Que precisa ser alimentado com coisas e mais coisas, quando, na verdade, só será preenchido por Ele (o criador) e por nós (as criaturas).
Vida vazia é alma vazia, pessoa precisa de pessoa para viver. Ninguém consegue se bastar e se completar e se virar sozinho, é preciso de companhia sim. De amigos. De família. Gente precisa de gente para aprender ser gente, perdoem-me a redundância, mas na realidade nua e crua é isto mesmo!
Coisas vêm e vão, pessoas vêm e ficam. Marcam. Eternizam. Que amemos pessoas, não coisas, que sejamos agradecidos pelas relações e não pelos tostões!
*Marina Carvalho
Direitos autorais da imagem de capa: ninamalyna / 123RF Imagens